Artêmias

Artêmia (Artemia sp.)

ArtêmiaTambém chamada de "camarão-de-salina", é um pequeno crustáceo que vive em lagos ou lagoas cuja água contenha alguma salinidade (água salobra) ou em salinas (com níveis elevados de salinidade), e encontram-se em todos os continentes do planeta.

Os náuplios de Artêmias, recém-eclodidos, são um excelente alimento para os peixes recém-nascidos, também peixes de pequeno e médio porte, com elevado valor nutritivo, e por isso bastante utilizados por criadores de várias espécies de água "doce" e "salgada". São fornecidos vivos e agüentam cerca de 24h com vida dentro do aquário, reduzem o risco de poluição da água e estimulam o lado predador dos peixes, que adoram perseguir e "caçar" os seus alimentos.

Como cultivar suas Artêmias

Sem dúvida alguma, os náuplios de artêmias salinas, recém eclodidos de seus cistos, são a base alimentar dos alevinos de Bettas splendens em cada 9, entre 10 estufas de criadores brasileiros, sem medo de exagero.

Há quem ofereça apenas os náuplios de artêmias, logo após o saco vitelino do alevino estar esgotado. Pulando a fase de oferecimento de infusórios, paramécios, rotíferos, vermes-do-vinagre e até mesmo daphnias. Mesmo sabendo que nem todos os alevinos irão conseguir se alimentar deles, por serem grandes para algumas das pequenas bocas. Mesmo os menores náuplios. É óbvio que o processo seletivo da sobrevivência dos maiores e melhores preparados já se instala no plantel bem cedo. Os menores não sobreviverão.

Eu prefiro introduzir os náuplios aproximadamente na segunda semana de vida do alevino. Mas isto não quer dizer que o manejo descrito acima esteja errado, apenas não é o meu. Mas é importante trazê-lo a luz e você decide qual será o seu caminho.

Abaixo vou apresentar como faço a eclosão dos cistos de artêmias salinas, de forma artesanal, bem simples e barata...


Você vai precisar de:

  1. "Artemeira";
  2. Bomba aeradora;
  3. Luminária c/ lâmpada econômica;
  4. Difusor de ar (1 Entrada/2 Saídas), com controle de vazão;
  5. 1 termômetro submersível (se possível consiga uma ventosa para fixá-lo à parede do pet, internamente);
  6. 2 aquecedores de 1 Watts/Cd. (serão usados apenas no inverno);
  7. 15 cm de mangueira transparente para ligar o difusor de ar à bomba aeradora (comumente usada em aquarismo);
  8. 1 colher rasa de café de cistos de artêmia salina;
  9. 3 colheres de sopa cheias de sal-grosso (de churrasco, s/ iodo);
  10. 1 colher rasa de café de bicarbonato de sódio/litro d'água (isto deverá ser o suficiente para elevar o pH da água para 8,0);
  11. 2 litros de água descansada (isenta de cloro)
  12. 1 pedaço de meia-de-nylon feminina (para tampar a "artemeira");
  13. 1 pedaço de elástico de costura (para prender a meia-de-nylon à "artemeira");
  14. 1 puçá de nylon 077 fios, para coletas;
  15. Vasilha capaz de absorver o volume de água que cabe na "artemeira", no momento da coleta.

Sistema p/ eclosão de artêmias salinas

Como proceder:

  1. Posicione a "artemeira" num nível mais baixo que a bomba aeradora, para evitar curto-circuito, caso haja retorno de fluxo de ar/água pela mangueira, por exemplo, depois de falta de energia elétrica;
  2. Acople a mangueira que sai por baixo da "artemeira", numa das saídas do difusor de ar;
  3. Adicione água na "artemeira", até completar aproximadamente 3/4 de sua capacidade total;
  4. Adicione sal-grosso e bicarbonato de sódio;
  5. Ligue a bomba aeradora e regule o fluxo de ar no difusor, de forma a liberar um bom volume de ar para agitar a água, com bolhas grandes. Se for preciso abra um pouco a outra saída do difusor, para reduzir o nível de ruído da bomba aeradora e aliviar a pressão;
  6. Espere por aproximadamente 15 minutos e meça o pH e a temperatura da água. O pH deve estar na casa de 8,0 e a temperatura entre 27 e 30 °C;
  7. Quanto ao pH, se for preciso, adicione um pouco mais de bicarbonato de sódio, espere outros 15 minutos e faça nova medição de pH. Repita este processo, até chegar aos níveis ideais. E quanto a temperatura, introduza um ou dois aquecedor(es) submersível(is), se for preciso elevar a temperatura da água;
  8. Adicione os cistos de artêmias salinas;
  9. Cubra a boca da "artemeira" com um pedaço de meia-de-nylon feminina, com o elástico de costura;
  10. No período noturno, ascenda a luminária para estimular e acelerar a eclosão dos cistos.


Coleta e Oferta:

  1. 48 horas após, desligue a bomba aeradora;
  2. Desacople a mangueira do difusor, tampando sua ponta com o dedo;
  3. Abaixe a mangueira para um nível abaixo da "artemeira". Tire o dedo da mangueira e despeje a água salobra com os náuplios de artêmias, num puçá de nylon 077 fios. Abaixo do puçá, posicione uma vasilha capaz de absorver todo o líquido que está na "artemeira". Esta água salobra poderá ser reaproveitada, bem como os cistos que ainda não eclodiram;
  4. Observe que os náuplios de artêmias salinas se concentram na parte afunilada do pet invertido da "artemeira" (formato de "v") e na superfície da água, estão os cistos que não eclodiram. Deixe escoar boa parte da água... Quando estiver quase acabando, interrompa tampando a mangueira com o dedo, para não sugar os cistos que não eclodiram;
  5. Acople a mangueira novamente numa das saídas do difusor de ar;
  6. Leve o puçá de nylon 075 fios até uma torneira e deixe escoar água doce, bem suavemente, para lavar os náuplios, tirando o sal. Faça isto por 30/40 segundos, aproximadamente;
  7. Agora chacoalhe o pucá de nylon 077 fios num pote de água limpa, sem cloro;
  8. Com uma seringa sugue os náuplios de artêmias salinas e oferaça ao alevinos em quantidade suficiente para que sejam consumidos rapidamente e de forma pulverizada em vários pontos do aquário de crescimento/engorda. Se você estiver usando um pote transparente, coloque uma lanterna ligada em um dos lados e todos os náuplios seguirão em direção a luz, facilitando sua coleta com a seringa.

Coleta de náuplios de artêmias salinas com puça 075 fios

As artêmias salinas não sobrevivem muito tempo na água doce (aproximandamente 3 horas), portanto peque pela falta, mas jamais pelo excesso de alimentos no aquário dos alevinos.

Peixes adultos também podem consumir os náuplios, eles adoram caçar o que comem e é saudável oferecer alimentos vivos a eles, além da ração industrializada.

Se sobrar náuplios, você pode congelar, fazendo cubinhos congelados de náuplios, que podem ser raspados com uma colher e servidos aos peixes.

O ideal é você ajustar a quantidade de cistos a eclodir, para ter sempre náuplios fresquinhos para dar aos alevinos.

Você pode reaproveitar a água salobra por 4 ou 5 vezes (junto com os cistos que ainda não eclodiram). Depois disto, comece com água nova e jogue fora os cistos que não vingaram mesmo.

A cada reaproveitamento, adicione a sua porção padrão de cistos para eclodir, que se juntarão aos cistos que não eclodiram ainda.

Sugiro que mantenha 2 ou mais "artemeiras" eclodindo náuplios, começando o processo em dias subseqüentes, de forma a ter sempre náuplios de artêmias salinas todos os dias, uma vez que podem demorar até 48 horas para eclodir.

Em determinado momento eu eclodia muitos cistos de artêmias salinas e optei por usar sal para uso agropecuário (não mineralizado), pois acabava saindo bem mais barato comprar saco de 25 kilos, do que usar sal-grosso de churrasco. Funcionou da mesma forma, não observei alteração alguma no volume de cistos eclodidos. Fica registrada aqui, a minha experimentação. Se o seu volume justificar, é uma saída interessante.

Se você não está conseguindo eclodir cistos de artêmias salinas, comece desconfiando dos cistos que podem estar velhos, mofados ou serem de baixa qualidade.

Procure adquirí-los de fornecedores idôneos e mantê-los em embalagens bem vedadas, em local seco.

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